quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Gravando demos em Santos

Mariana de Andrade
mesa de som de 24 canais, uma das
mais usadas nos estúdios de Santos


Sem nenhuma marcação aparente, parecendo uma casa familiar qualquer, o estúdio Manifesto, no tradicional bairro Vila Mathias, recebe por mês cerca de 20 bandas, que sem garagem própria, pagam R$ 12,00 pela hora do ensaio. Com a possibilidade de fazer o próprio marketing pela Internet, músicos optam pelos estúdios locais para gravar demos, divulgando as músicas no boca-a-boca e pela própria web.

Como a maioria dos donos de estúdios de gravação e ensaio de Santos, Deive Toni, do Manifesto, começou no negócio por ser músico. Toni é integrante de uma banda de black music, e sempre teve vontade de possuir o próprio espaço para ensaios. Quando adquiriu, há um ano, o estúdio Manifesto, acabou por unir o prazer ao trabalho. Porém, igual a todo empreendimento, o retorno demora a vir. “Há gastos porque a manutenção é muito cara. Você tem que proporcionar uma estrutura boa para os músicos. Ainda não tenho retorno financeiro, mas ganho em prestígio. O pessoal que vem a primeira vez retorna”, comenta Toni.



Além do ensaio, as bandas têm como opção o demo ensaio, que nada mais é do que um ensaio gravado, estilo ‘show ao vivo’. A qualidade é inferior de uma gravação profissional, conhecida como canal por canal (saiba mais...), mas é uma opção econômica às bandas que desejam ter algo em mãos para divulgar.
Outro exemplo de como o prazer e negócios se misturam é Vicente de Gregório, que hoje se dedica integralmente ao estúdio Toca do Tubarão. Entrou no ramo por causa dos filhos guitarristas, que resolveram montar um espaço para tocar com os amigos, pois faziam parte de quatro bandas. Com o tempo os grupos foram se dissolvendo, mas a Toca do Tubarão se manteve firme, sendo alugada por conhecidos e amigos – o que acontece há cinco anos. Das quatro salas existentes na Toca só uma é usada por membros da família. Para Gregório, há poucos locais disponíveis para o número de bandas da Cidade. O Toca recebe, por semana, entre 20 e 30 bandas.
A web, ao servir como espaço para contatos e divulgação, incentiva as bandas a gravarem demos nos estúdios. E não pára por aí. Na opinião de Gregório, hoje em dia é muito mais fácil aprender um instrumento. Ao invés de ter que freqüentar aulas, intermediadas por professores, os adolescentes buscam partituras e letras pela Internet, o que facilita o contato com o mundo da música.

Desvantagens da tecnologia

Mas tudo tem seu lado ruim. É o que diz o dono do estúdio Lobo Mau, o arquiteto Marcel Camargo. Quem possui um computador com alguns programas consegue, apesar da forma precária, gravar em casa. E é aí que surgem os contras da tecnologia, já que possíveis clientes podem estar sendo perdidos. Apesar disso, o Lobo Mau, um dos mais antigos da Cidade (com nove anos), recebe cerca de dez bandas por dia. Camargo, que é formado em arquitetura - mas músico há 17 anos – tem como sócio um jornalista. No seu caso, a música também falou mais alto.
Com o fator gravação caseira, Nando Basse, sócio do estúdio Play Rec há dois anos e músico há 15, resolveu explorar um único filão: as gravações profissionais. O Play Rec deixa de lado o espaço para ensaios e investe somente nas produções maiores e mais elaboradas, como gravações de cds e jingles comerciais.
A gravação ao vivo assemelha-se a um ensaio comum. Confira no vídeo: